Parte da fantasia: A cor do preconceito. |
Até aí foi o contexto da decisão.
Agora vem parte da historia de vida.
Desde criança eu ouvia sambas enredos dos grupos especiais de São Paulo e do Rio de Janeiro, era quase um ritual pro meu pai. Chegava período de venda dos LPs, sempre se dava um jeito pra ele comprá-los ou ganhá-los. Aí, tooooodo final de semana todo mundo em casa era "meio obrigado" a ouvir (eu não ligava, era divertido... só quando fui ficando mais velha começou a incomodar, mas também diminuiu a frequência com que o pai ouvia e depois fui estudar longe, e nem sei quando esse hábito cessou). A parte interessante disso é que eu nunca tive preconceitos com o som, nem com o espetáculo em si. Desde "sempre" sabia que os sambas enredos contavam historias, que o espetáculo (desfile de todas) tinha uma construção conceitual (claro que só falo de conceitos agora, antes só entendia que carros e fantasias ajudavam a contar a historia da música). Eu só cansei de ouvir mesmo.
Vamos às opiniões sobre o que for surgindo em mente. (Sempre penso várias coisas, mas até escrever...).
- Minha opinião sobre a experiência de desfilar: é divertido (eu curto um palco se ainda não perceberam). É um espetáculo feito por muitos desde a criação até o desfile (é um mar de gente desfilando). É bonito, e rola aquela coisa comum em grandes eventos com muitas pessoas: o êxtase coletivo. Esse êxtase é uma energia, vibração, uma onda, sei lá o que ... (você sabe o que é, já sentiu) comum quando muitas pessoas estão juntas com um objetivo em comum, pode ser show de música, pode ser pelo time de futebol (não sou dessas, mas observo que rola), pode ser qualquer coisa. Ali desfilando, é parecido... pra uns mais intenso, pra outros menos intenso... da mesma forma que em qualquer outra situação. Teve bagunça de entrega de fantasias, mas todo mundo se ajudou (cooperação é uma coisa linda). Teve um cansaço monstro (chega-se muito antes, afinal é muita gente pra ser organizada, muita fantasia pra ser entregue), tem a preparação/caminhada até a entrada.... Mas.... foi o maior palco e maior platéia da minha vida...HAHAHAHAHA... E com um bando de gente que não conhecia, mas com algo em comum "Bora desfilar!". E conto pra vcs que só decorei tudo, ali na hora de entrar (ouvi, li e estudei um pouco antes, mas concluí enquanto a escola já tinha entrado pelo portão). Ah! Os carros alegóricos, são gigantes vistos do chão, bem diferente da visão da arquibancada.
- Minha opinião sobre materiais: Esse ano uma escola fez o desfile sem materiais de origem animal, acho uma ótima iniciativa! Linda mesmo! (Continuo omnívora, então, ainda rola consumo de animais mas toda mudança é válida) Os demais materiais: plásticos, tecidos, glitter, lantejoula, paetê, papel, isopor, os metais todos... enfim, é uma infinidade de material, não são menos prejudiciais, porque indiretamente, se não cuidados (e não são) afetarão ambientes e, consequentemente, seres vivos. Foi uma iniciativa legal, levou todo mundo a pensar. Mas outra coisa é que boa parte dos materiais são reaproveitados, porque o custo de executar esse espetáculo, mesmo com subsídios é beeeem alto, é muitaa gente envolvida e muito material. (não sei dar detalhes porque caí de para quedas na experiência, e só posso dizer o que observei, sem pesquisa... quem sabe um dia vou atrás de saber como é todo o processo)
- Minha opinião sobre trajes/fantasias: Tem a parte das alas, são pra formar massa, elas estão contextualizadas, mas boa parte é bem incômoda. Imagina carregar isso tudo, por mais que se usem materiais leves, o efeito visual precisa ser marcante e cada criador tem seu estilo de composição. Sobre a pouca roupa de algumas pessoas que desfilam (aqui é que acho que a polêmica poderia ser maior) é que cada um sabe o que vai vestir, quem vai de salto sabe que vai de salto, quem vai com quase tudo de fora, sabe que será assim, é uma escolha e acho que merece respeito... o problema mesmo só vejo nos "close errado" que apareciam na tv (já não assisto mais, então não sei dizer se algo mudou); é ruim super exposição? É pra quem não quer se expor, mas e se a pessoa quer? Por que ficamos "cuidando" (na ideia sulista) tanto disso? Qual é nosso real problema com isso? (é uma pergunta pra reflexão).
Eu estava atrás da moça no centro da foto :o) Desfile da Camisa Verde e Branco 2017 - A revolta da chibata |
- Sobre a música/som e enredo: é samba, há quem goste e há quem não goste, e tudo bem... Afinal, gosto é pessoal, assim como opinião; sabemos dos nossos, respeitamos os dos outros sem impor os nossos sobre os outros. Sobre o enredo sei que existe pesquisa para o desenvolvimento dos temas, existe seleção dentro da comunidade da escola (não sei quem tem 'poder de voto'), ele vai contar uma historia. Sobre a bateria, gente, a bateria é algo muito bom! Já havia assistido ao desfile de campeãs uma vez, e ficamos em frente ao recuo da bateria (se foram assistir um dia, é perto desse recuo o lugar!, é de lavar a alma (pra quem gosta, claro... se vc não curte um barulho, nem tenta).
Enfim, é uma experiência válida, é algo divertido, precisa ter disposição, se for com pessoas conhecidas (fui em família <3 algu="" amigos...="" ando="" balan="" cantando...="" como="" curtir.="" dan="" e="" fazer="" fica="" interagir="" m="" melhor="" ou="" p="" quiser="" s="" sair="" se="" soci="" super="" vel="">3>
Um comentário:
Que bonito seu texto sobre essa experiência <3
Pessoalmente nunca tive essa vontade de desfilar. Mãe e irmão já foram (ele várias vezes) mas em mim ainda não pintou a vontade. Quem sabe um dia? :)
beijinhos*
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